Sim, eu vim aqui dar minha cara à tapa. Porque o pênalti só erra quem bate; porque na vida só cai quem sobe; só alcança quem tenta; e todas as outras frases clichês ridículas que você ouve por aí. Em razão disso, resolvi ousar e entrar em um assunto que nós, torcedores do Lakers estamos tão acostumados: Ser campeão. Se você é torcedor recente do Lakers, talvez não esteja tão acostumado com esse assunto realmente, mas uma rápida busca já denuncia nosso passado recheado de sucesso. A pergunta que não quer calar agora, então, é: quando voltaremos ao nosso tão merecido lugar? Cinco anos. Essa é a nossa projeção. E nós vamos te dar cinco motivos para vocês acreditarem nisso também. Saca só!
1. Não importa a sua perspectiva, o Lakers tem um dos melhores elencos da NBA
Repare que eu não disse time. Eu disse elenco. Duvida? Bom, vou deixar os números falarem um pouco. Apesar de todas as contusões (que não foram poucas), e mudanças no time, como a troca que nos trouxe IT e Frye e mandou embora Larry e Clarkson (dois grandes contribuintes no banco), o Lakers ainda se manteve entre os times com banco acima da média. Foi o décimo em pontos por jogo (39.2) sendo o sétimo em FG%; décimo segundo em rebotes (17.2); décimo em assistências (8.5); além dessas estatísticas, existem outras onde o time ficou acima da média. A lista é longa. Mesmo com muitos desfalques, nosso banco ainda deu conta do recado. “Claro, como o time titular é ruim, o banco fica mais tempo em quadra e faz mais estatísticas mesmo”. Aí é que você se engana, em termos de minutos por jogo, nosso banco é apenas o décimo sétimo da liga (18.2).
Isso não é suficiente? Continuo. Se pensarmos em termos de rotação curta, nós também temos um time com potencial incrível. Comparando o NETRTG de todas as rotações da liga (uma estatística que analisa a eficiência real de um time, ou seja, é a diferença entre quantos pontos um time faz e quantos pontos um time toma a cada 100 posses), temos uma notícia surpreendente. Com Ball, KCP, Ingram, Kuzma e Randle, o Lakers apresenta um NETRTG de 13.9 (27º). Repare, não estou falando da quantidade de times, que seriam trinta, estou falando de todas as rotações possíveis de todos os times da liga. O site da NBA classifica, aproximadamente, as 250 melhores, e, na minha opinião, vigésimo sétimo não é nada mal. Só a título de exemplo, nós estamos na frente de rotações como: Irving, Tatum, Brown, Horford e Baynes; ou então, Green, Iguodala, Livingston, Thompson e West. E aí, convenceu? Não? E se eu te lembrar que nessa rotação o Lakers tem dois jogadores com um ano de liga (Ball e Kuzma), um jogador com dois anos (Ingram), e um com três (Randle)? Deu para entender o potencial?
Bom, mas eu sei que algo ainda falta. Nossas rotações são boas, mas ainda faltam algumas peças, é verdade. É justamente aqui que entra o meu segundo argumento.
2. Franquia de maior flexibilidade
Atualmente, o nome do jogo é flexibilidade. Quanto mais espaço na folha de pagamento, e melhores as peças que um elenco possui, mais planos um time pode ter, e, consequentemente, mais exponencial pode ser o seu crescimento. Nós já mostramos que o Lakers tem peças melhores do que muitos dizem. Mas e a flexibilidade na folha salarial? Bom, o nosso queridíssimo Ricardo Romanelli já tratou com a maestria e inteligência que lhe são costumeiras esse assunto aqui no Site do LABR. Vou tentar fazer um resumo da conclusão, mas já adianto que é melhor ler a matéria na íntegra.
Pois bem, a questão é que, como o Lakers tem jovens estrelas, a folha salarial do time não será alta, pelo menos pelos próximos três anos (até 2021). Ou seja, até lá, a franquia pode tentar atrair todas as estrelas que irão visitar a Agência Livre. Além disso, a equipe pode ir adicionando outras peças importantes e veteranos estabelecidos ao longo do caminho. Em outras palavras, caso a dupla Pelinka e Magic faça tudo certo, o Lakers tem, pelo menos, mais três anos para: desenvolver os garotos e eles se tornarem estrelas (atraindo ainda mais estrelas e bons jogadores); tentar atrair pelo menos uma estrela que seja FA; e adicionar algumas peças pontuais (como um armador veterano para substituir Lonzo).
E se o Lakers não conseguir atrair nem estrelas nem peças importantes nos próximos três anos? Sem problemas, nosso elenco jovem ainda teria dois anos para nos dar um título. Bom, é justamente sobre esses jovens que quero falar agora.
3. Nós temos um dos melhores jovens da liga
Lonzo, Kuzma, Hart, Ingram e Randle. Pode me dizer um time que tenha um elenco jovem melhor do que esse? “76ers”. É discutível, mas tudo bem. Outro?... Pois é, não existe. Na minha opinião, o nosso núcleo jovem é ainda mais completo do que o do Phila (isso não necessariamente quer dizer melhor). Mas mesmo que você não considere assim, é evidente que na liga atual não existe outro time que tenha jovens tão promissores.
Eu não preciso ficar elencando apenas números dos nossos jovens. Quero sair do básico. Quero te fazer pensar e se surpreender. Vamos lá. Randle jogou apenas a terceira temporada dele (a quarta na NBA, tendo se machucado na primeira), e um começo que parecia ser desastroso terminou com o nosso pivô como o melhor jogador do time e um homem de garrafão dominante na liga. Depois da pausa para o jogo das estrelas, o garoto teve 9.4 reb; 3.2 ast e 19.5 pts de média por jogo. Números muito próximos, por um exemplo, de Embiid (21.2 pts; 10.6 reb e 3.2 ast), e melhores do que os de Horford (11.7 pts; 6.3 reb e 3.6 ast), ambos no mesmo período. Além disso ele mostrou uma interessante versatilidade defensiva.
Lonzo e Kuzma, por outro lado, estiveram em suas primeiras temporadas. Apesar das fraquezas ofensivas, Lonzo colocou bons números sendo o nono na liga em assistência (jogando para uma equipe com um dos piores aproveitamentos da linha de três). Vale adicionar ainda que com Lonzo em quadra o Lakers sofreu 3.9 pontos a menos por 100 posses do que com ele fora de quadra. Esse número é melhor do que 82% dos jogadores da liga. Além de Ball, Kuzma também impressionou. Depois da parada do jogo das estrelas, ele é o único calouro que está no top 5 em Pontos (17.4 – 3º) e Rebotes (7.4 – 3º). Me desculpem, eu não fui sincero, outro novato também entra para essa lista. Sim, Josh Hart, com 15.3 pts (5º) e 6.8 reb (5º). Surpreso? Eu ainda nem cheguei no melhor deles, Ingram. O potencial de Brandon ainda é indefinido, mas, vale lembrar que ele tem APENAS 20 anos e que TODOS os seus números tiveram uma melhora absurda em relação ao ano passado. Aliás, mais uma comparação que talvez impressione. Que tal analisarmos a evolução de Ingram à luz da evolução de Giannis, que também chegou na Liga com 19 anos? Vamos ver quanto ambos evoluíram da primeira para a segunda temporada, saca só!
Antetokounmpo
Ingram
Pois é! Chega ser bizarro a semelhança na evolução. Repare, principalmente que em FG%; 2P%. 3P% e eFG% a evolução de Ingram foi ainda maior que a de Giannis. Eu não estou dizendo que Ingram será igual (ou melhor) a Giannis e que evoluirá tanto quanto ele, mas uma coisa é certa, ainda é muito cedo para falar sobre o “teto” de Brandon. De todo modo, as comparações e perspectivas pendem para um lado muito positivo. Agora, imagine todos esses garotos daqui a 5 anos. Deu pra perceber que acreditar em ganhar um campeonato não seria tão loucura assim, não é?
4. Temos uma das melhores diretorias da liga
Esse motivo pode parecer forçado, mas é um dos mais importantes. Atualmente, atrair jogadores na FA é a ferramenta mais utilizada pelos times para reforçar elencos, mais do que as trocas. Além disso, é necessário experiência e inteligência para agir da maneira certa, no momento certo e fazendo o movimento perfeito. Não é fácil, mas ter Magic e Pelinka lado a lado já ajuda.
Até agora nossa dupla na diretoria não errou: Realizou a troca que consertou metade do problema de teto salarial, mandando Mozgov embora (junto com o fominha e fraco defensivamente, D’Angelo Russel), e trouxe Lopez e Kuzma; Conseguiu esconder o jogo na hora do Draft, somente revelando quem seria selecionado na hora da escolha (o que tem um enorme impacto em toda a liga); silenciou o falastrão Lavar Ball (repararam que ele anda sumido?); se manteve firme às pressões e não fez loucuras para adquirir Paul George por uma troca (um jogador que pode acabar vindo parar no Lakers de qualquer jeito); manteve Brandon Ingram; e teve coragem de trocar dois jogadores muito queridos da torcida (Clarkson e Nance Jr.) para nos dar toda a flexibilidade de cap que já falamos acima, trazendo ainda I.T. que não jogou totalmente recuperando, não podendo ainda ser descartado. A experiência dos dois em lidar com trocas, FA e mercado da NBA em geral é absurda.
Para atrair jogadores a dupla promete ser boa. Nada melhor do que o agente de um dos melhores jogadores da história, e um dos mais carismáticos, históricos e melhores jogadores de todos os tempos. Parte da mídia norte-americana, inclusive já chegou a afirmar que os demais GM da liga não gostam da ideia de Magic atraindo jogadores para o Los Angeles. Isso fica mais evidente ainda quando Ervin é multado por declarações simples, como as que fez em relação a Giannis. Será que em 5 anos essa dupla não conseguirá fazer nada na FA para mudar o time? Acreditar nisso é ingenuidade.
5. Los Angeles jamais deixou de ser um (mercado) atrativo
Muito se falou, no passado, que Mitch Kupchak, o antecessor de Pelinka no cargo de GM da equipe, confiava cegamente que os jogadores iriam para o Lakers por causa da cidade de LA. Isso hoje em dia não é mais uma realidade. Talvez não seja mais uma realidade que LA seja atrativa só pelo fato de ser LA. Mas não é isso que estou dizendo.
Com tudo que analisamos até aqui, podemos concluir que: o Lakers tem um bom elenco; tem jogadores jovens promissores; tem muita flexibilidade para construir e moldar a equipe; e tem uma diretoria experiente e competente com respeito dos jogadores da liga. Esse é o bolo. A cereja nesse bolo é: Los Angeles é um mercado descomunal. Repare, antes a diretoria usava a cidade de Los Angeles como o bolo em si. Atualmente, a cidade é apenas um (importante) toque final. O Lakers, mesmo sem nenhuma estrela, ainda é a 4ª franquia mais popular em termos de venda de mercadoria. Lonzo, um novato que ainda não “é nada” na liga é a 12ª camisa mais vendida. Tudo isso porque Los Angeles vive o basquete como poucas cidades do Estados Unidos.
Soma-se tudo isso a estar em LA. A cidade respira basquete. Respira estrelas. Lá foi a primeira vez que o basquete e o show se misturaram. A história do basquete e a história do Lakers se conectam de uma forma indissociável; entrar no Staples e ver a camisa dos melhores eternizadas; entrar no centro de treinamento e ver dezesseis troféus na prateleira; A vida, o clima, e tudo que envolve a cidade. Todos esses fatores, de maneira isolada, não são suficientes para atrair um Atleta Estrelado, nada como uma chance de ganhar um título. Mas Los Angeles ainda é um belo critério de desempate. Se outro time da liga tiver tantos atrativos (elenco, jovens, diretoria e flexibilidade) como nós, o que é difícil, a cidade, e a história da franquia podem ser fatores importantes de desempate. E nessa área, ninguém é melhor do que nós.
No final, cinco anos é muito distante, e muitas coisas podem mudar. Essa temporada ainda nem esfriou (já que os playoffs ainda estão rolando), mas ver esse momento sem um dos maiores gigantes do basquete não tem tanta graça. Cinco anos realmente é muito longe, não desanimem. Quanto tempo, não é? Na verdade, é tempo suficiente. Você pode não concordar, mas nós, torcedores de verdade, temos a obrigação de acreditar, todo ano, que o Lakers brigará pelo campeonato, independente das circunstâncias. Se você não acredita nisso, você ainda não entendeu, na sua completude, o que é ser um Laker.
Nos vemos em 2023...