
30 de Abril de 2025 postado por Renato Campos
Ao chegar nos playoffs, a expectativa era de que Luka Doncic e LeBron James estariam acompanhados de um terceiro astro em ascensão: Austin Reaves. Depois de uma temporada regular sólida, com médias de 20,2 pontos, 5,8 assistências e 4,5 rebotes por jogo, além de ótimos aproveitamentos nos arremessos (46% de quadra, 37,7% de três e 87,7% nos lances livres), o jogador parecia pronto para um papel ainda maior na pós-temporada. Mas a série contra o Minnesota Timberwolves mudou tudo.
Reaves tem sofrido bastante contra a defesa física e atlética de Minnesota. Sua dificuldade em criar jogadas e seu desempenho apagado nos momentos decisivos deixaram o ataque do Lakers previsível e desequilibrado e, com isso, abriu-se uma dúvida desconfortável: o que fazer com Austin Reaves se ele não está sendo aproveitado como deveria?
Reaves apagado por um sistema que não o favorece
Desde o início da série, o técnico JJ Redick tem centralizado a bola em Luka Doncic a um nível que beira o exagero. O resultado: Reaves, e até mesmo LeBron em alguns momentos, se tornaram meros espectadores no ataque, confinados à zona morta ou forçados a jogar como arremessadores em isolamento, sem o ritmo ou liberdade de criação que os fizeram brilhar ao longo do ano.
A defesa de Minnesota, recheada de alas altos e velozes, tem fechado os espaços e pressionado Reaves em cada tentativa de infiltração ou catch-and-shoot. Quando tem tempo para arremessar em ritmo, ele ainda entrega; mas quando precisa acelerar ou improvisar, seu rendimento cai drasticamente.
Além disso, Redick vem insistindo em um sistema defensivo baseado em trocas constantes, o que torna Reaves ainda mais vulnerável, já que ele frequentemente é o alvo de mismatchs explorados por estrelas como Anthony Edwards. Isso, somado ao uso restrito no ataque, transforma Reaves em uma versão limitada do que ele é capaz de ser.
O dilema contratual: renovar ou trocar?
Hoje, Reaves tem dois anos restantes em seu contrato atual, com uma player option após a próxima temporada. A partir da offseason de 2024, ele pode assinar uma extensão de até US$ 90 milhões por quatro anos. Antes dos playoffs, essa proposta parecia baixa, fontes ao redor da liga estimavam seu valor entre US$ 30 e 33 milhões por temporada.
Mesmo com uma série ruim contra o Timberwolves, não há indícios de que o mercado tenha recuado em relação ao seu valor. Tampouco o Lakers mudou sua posição: o desejo de oferecer a extensão permanece.
Mas surge uma preocupação legítima: vale pagar tanto por um jogador que pode ser facilmente neutralizado por defesas mais físicas? A resposta, como tudo na NBA, depende do contexto. Se o Lakers continuar usando Reaves como um spot-up shooter de apoio, então o investimento parece alto. Mas se a franquia decidir devolver a ele o protagonismo criativo que mostrou durante a temporada regular, então ele ainda pode valer cada centavo.
E se o mercado pedir?
Há casos, porém, em que manter Reaves pode simplesmente não ser uma opção. Se nomes como Giannis Antetokounmpo ou Kevin Durant realmente entrarem no mercado, e os times interessados exigirem Reaves como peça-chave de troca, o Lakers terá que ouvir. Fora esses casos excepcionais, no entanto, trocar Reaves seria precipitado.
Mais do que um jogador promissor, Reaves é um talento moldável, capaz de atuar como criador primário ou secundário. O problema não é ele, é o sistema em que está sendo usado.
O erro está na filosofia, não no jogador
Se a filosofia atual do Lakers é transformar Reaves em um jogador de função, então pagar caro por alguém cujos principais atributos estão sendo ignorados não faz sentido. Por outro lado, se houver uma revisão do plano ofensivo, ele pode voltar a ser peça-chave em um time que busca títulos.
A pior decisão seria negociar Reaves agora apenas porque o técnico não sabe como usá-lo. Ele ainda tem um ano de contrato a um valor incrivelmente barato. Se for para considerar uma troca, que seja por uma estrela real e não por desconfiança em seu desempenho em uma única série de playoffs, contra um dos elencos mais sufocantes da liga.