14 de Outubro de 2025 postado por Renato Campos
Depois de quase duas décadas na NBA, Russell Westbrook parece finalmente enfrentar o silêncio que o basquete reserva às suas lendas. O ex-MVP, que recusou uma opção de jogador de US$ 3,5 milhões em junho após uma passagem sólida pelo Denver Nuggets, ainda está sem equipe, e isso, mais do que um acaso, pode ser o prenúncio do fim de uma das carreiras mais intensas da história recente da liga.
Um adeus que não combina com o legado
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O que torna a situação de Westbrook tão melancólica é a ironia do destino. Ele, que redefiniu o termo “energia incontrolável”, agora enfrenta a inércia do mercado. Assim como Carmelo Anthony e Dwight Howard, o armador parece estar sendo empurrado para fora da NBA sem uma despedida digna. Mas, se esse for mesmo o fim, ele merece ser lembrado pelo lado competitivo que o movia, e não pelos anos em que foi mal encaixado em sistemas que não souberam aproveitá-lo. Principalmente em nosso time.
Westbrook é um caso raro de atleta que venceu tanto com estatísticas quanto com emoção. Nove vezes All-Star, três vezes líder em assistências, duas vezes campeão de pontuação e dono de um MVP, sem falar nas quatro temporadas com médias de triplo-duplo, um feito quase mitológico. Sua intensidade em quadra se tornou uma marca, inspirando até jogadores de gerações seguintes que cresceram assistindo ao seu estilo “tudo ou nada”.
O que restou de um dos competidores mais ferozes
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Mesmo sem arremesso confiável e longe de ser um defensor de elite, Westbrook conquistou respeito com o que o estatuto da NBA não mede: entrega. Nenhum outro armador da história teve o mesmo impacto nos rebotes, com médias próximas de 10 por jogo em várias temporadas. E seu domínio em transição, o famoso “pegou e correu”, fez do Oklahoma City Thunder um dos times mais explosivos da década passada.
Hoje, porém, esse mesmo estilo parece não encontrar espaço em uma liga que prioriza espaçamento, eficiência e arremessos de três. Westbrook ainda tem força e fôlego, mas o jogo evoluiu em direção oposta. E é exatamente por isso que um retorno ao Lakers seria, no mínimo, um retrocesso.
Por que o Lakers não deveria reabrir essa porta
O tempo mostrou que a passagem de Westbrook pelo Lakers foi uma tentativa frustrada de criar um supertime à moda antiga. O trio com LeBron James e Anthony Davis nunca encaixou. A falta de arremesso, o ritmo acelerado e a dificuldade em jogar sem a bola tornaram o fit insustentável. E, mais do que isso, minaram a confiança de um jogador que sempre dependeu do instinto.
Hoje, o Lakers vive outra fase, centrada em Luka Doncic e em um elenco que valoriza o espaçamento e a leitura de jogo. Reabrir as portas para Westbrook significaria reviver um capítulo que todos tentam deixar para trás. Seria um erro emocional, não estratégico — e a NBA já mostrou, inúmeras vezes, que nostalgia não vence campeonatos.
O legado que não precisa de um epílogo
Russell Westbrook não precisa de um contrato para provar sua grandeza. Seu legado já está gravado: o armador que desafiou a lógica, que transformou esforço em espetáculo e que jogou cada posse como se fosse a última. Se este for o adeus, que seja um adeus digno. Não de um retorno forçado ao Lakers, mas de um reconhecimento silencioso — o tipo de respeito reservado aos gigantes.



