18 de Junho de 2024 postado por Antonio Collar
Depois de chegar às Finais da NBA quatro vezes em cinco anos, com direito a três títulos conquistados, a temporada de 2004 marcou um histórico para o torcedor dos Lakers: a união entre Kobe Bryant e Shaquille O’Neal estava oficialmente acabada.
O clima entre as duas superestrelas não era bom há algum tempo, e a derrota diante do Detroit Pistons na decisão daquele ano significou o fim de uma era. Ainda que tenha dominado a liga no período, conquistando o "MVP Finals" três vezes, além de levar também o troféu da temporada regular em 2000, Shaq foi o escolhido para deixar Los Angeles.
A escolha - imagine você a dificuldade - levou em consideração o futuro: o pivô era mais velho, 32 anos, sete a mais do que o então camisa 8. Por conta disso, o lendário Jerry Buss, antigo proprietário da franquia e pai de Jeanie Buss, optou por desfazer-se de uma das mais dominantes figuras que já passaram pela NBA. Os próximos anos, acreditava ele, seriam de Kobe Bryant.
Outra lenda dos Lakers, Pat Riley resolveu levar Shaq para o Miami Heat, franquia onde atua desde o início do século. O negócio foi fechado da seguinte maneira: em troca de O’Neal, LA recebeu Caron Butler, Brian Grant, Lamar Odom e duas escolhas de Draft (uma no primeiro round de 2006, outra no segundo de 2007).
O primeiro ano sem Shaquille O’Neal
Perder um talento do calibre de Shaq nunca vai ser fácil para nenhum time na história da NBA, mesmo que o elenco em questão ainda conte com a presença de Kobe. Na temporada 2004-2005, os Lakers venceram apenas 34 jogos e terminaram na 11ª posição da Conferência Oeste. Foi a primeira vez desde 1994 que a equipe não chegou aos Playoffs.
Daquele elenco, apenas o armador Chucky Atkins tinha 30 ou mais anos de idade - outros veteranos, como Vlad Divac (36), não disputaram mais do que 15 partidas. Como era de se esperar, o cestinha foi Kobe, com 27.6 pontos, seguido por Butler (15.5) e Odom (15.2). Bryant também liderou em assistências, com 6.0, maior média de uma temporada em seus 20 anos de carreira.
Uma temporada de transição, como era de se prever. Como resultado, os Lakers voltariam a receber uma escolha de loteria no Draft após mais de 10 anos. No sorteio, ficou decidido que a pick seria a 10ª do evento.
Andrew Bynum, o novo Shaquille O’Neal (mas nem tanto)
A falta de Shaq era clara no elenco dos Lakers. Dos pivôs à disposição, Quem mais atuou em 2005 foi Brian Cook, titular em 46 dos 81 jogos que foi escalado. Teve médias de apenas 7.9 pontos, com 3.4 rebotes. Nada, perto daquilo que os torcedores de Los Angeles se acostumaram com The Diesel em quadra.
Foi aí que o General Manager Mitch Kupchak (atualmente no Charlotte Hornets) decidiu que o nome a ser buscado no Draft seria o de um pivô. Já que a decisão de trocar O’Neal para manter Kobe visava o sucesso a longo prazo, nada mais justo do que buscar um jovem talento para colocar com o agora experiente e tricampeão ala-armador. De certa forma, algo parecido com o que foi feito em 1996, quando Shaq foi contratado e Bryant selecionado com a 14ª escolha.
O nome escolhido para preencher o vazio deixado pelo ídolo foi o de Andrew Bynum, garoto de 17 anos que ainda estava no ensino médio. Escolher jogadores do High School não era nada fora do normal, o próprio Kobe chegou à NBA desta maneira, além de outros nomes marcantes como Tracy McGrady (1997) e o próprio LeBron James (2003).
Bynum, como você deve imaginar, era um fenômeno. Antes de inscrever seu nome no Draft, ele era cotado para jogar pela universidade de Connecticut, os UConn Huskies, atuais bicampeões da NCAA com o técnico Dan Hurley, desejo dos Lakers até poucos dias. Quando viu que poderia passar logo do colégio para a liga, não teve dúvidas e tomou o caminho da profissionalização.
Saído da escola St. Joseph HS, Andrew Bynum foi o mais jovem atleta draftado na história da NBA, com apenas 17 anos, 8 meses e 2 dias (diferença de 14 dias para Jermaine O’Neal, escolhido em 1996). Em seu último ano por St. Joseph, teve médias de 22.0 pontos e 16.0 rebotes.
Dono de um atleticismo impressionante, com uma capacidade rara de atravessar a quadra em velocidade - lembra algum ex-pivô dos Lakers? -, Bynum também tinha o conjunto físico ideal que Los Angeles buscava: 213cm, com 129kg. Bom, agora definitivamente podemos dizer que lembra um ex-pivô dos Lakers.
A carreira de Andrew Bynum
Apesar da expectativa de que fosse o substituto de Shaquille O’Neal, ninguém em Los Angeles esperava que o garoto fizesse isso imediatamente. Ele era o mais novo jogador a chegar à NBA, e havia consenso entre todos de que a evolução no basquete profissional levaria tempo - o próprio Shaq, por exemplo, terminou sua temporada de calouro com 21 anos, três a mais do que Bynum.
Assim, seu primeiro ano foi discreto: atuou em 46 partidas, todas elas vindo do banco, e teve apenas 7.3 minutos e 1.6 pontos de média. Na temporada seguinte, um pequeno salto: participou dos 82 jogos e foi titular em 53, anotando 7.8 pontos em quase 22 minutos de ação. Em 2008, quando os Lakers chegaram à final, ele precisou assistir a tudo do banco de reservas: com uma lesão no joelho, só disputou 35 jogos.
A volta por cima veio nos anos seguintes: em 2009 e 2010, Bynum esteve presente nas campanhas que resultaram nos títulos de número 15 e 16 na galeria de taças do Los Angeles Lakers, os dois últimos da carreira de Kobe. Nas duas oportunidades, Andrew Bynum foi titular durante os Playoffs. Aos 22 anos, o mais jovem atleta na história da liga já era bicampeão.
Lesões atrapalharam sequência
Aos 24 anos, em 2012, o pivô vivia seu melhor momento como profissional. Com 18.7 pontos e 11.8 rebotes, foi selecionado para o All-Star pela primeira vez na carreira. Curiosamente, foi após esta temporada que ele foi trocado, após eliminação para o Oklahoma City Thunder nos Playoffs. Seu destino foi o Philadelphia 76ers.
Com dois anéis e um All-Star no currículo, Bynum ainda não estava na prateleira dos Shaquille O'Neals da vida, mas demonstrava ser um dos nomes importantes da geração. Pena que foi justamente aí que as coisas desandaram. Bynum sofreu mais uma lesão no joelho, desta vez mais séria do que a anterior. Para piorar, ele piorou a situação jogando boliche durante o seu processo de recuperação, o que acabou lhe custando toda a temporada de 2012-2013, sem nunca ter jogado por Philly.
No ano seguinte, Bynum assinou contrato com o Cleveland Cavaliers, onde disputou apenas 26 partidas antes de ser trocado para o Chicago Bulls, de onde seria dispensado sem entrar em quadra. Mais tarde naquela temporada, assinou com o Indiana Pacers, onde disputou apenas dois jogos, os últimos da sua carreira.