
15 de Abril de 2025 postado por Renato Campos
Na noite de segunda-feira, o torcedor de Dallas finalmente teve um motivo para comemorar. Com a primeira escolha do Draft da WNBA de 2025, o Dallas Wings selecionou Paige Bueckers, uma superestrela universitária com potencial para mudar os rumos da franquia. Foi um momento de entusiasmo genuíno. Uma promessa de futuro. Um novo rosto para acreditar.
E então, menos de 24 horas depois, como se fosse uma encenação, Nico Harrison, General Manager do Dallas Mavericks, decidiu convocar uma coletiva de imprensa fechada, restrita a jornalistas previamente selecionados, longe das câmeras e das perguntas mais incômodas.
O momento não poderia ser mais inoportuno. A decisão não só ofuscou a repercussão da escolha histórica no basquete feminino da cidade como criou um novo foco de tensão em meio à preparação do Mavericks para o jogo de play-in contra o Sacramento Kings, marcado para quarta-feira.
Uma cidade, dois sentimentos e um ruído desnecessário
O contraste não passou despercebido. Enquanto os torcedores do Wings celebravam nas redes sociais, muitos torcedores do Mavericks se perguntavam: Por que agora?
A resposta ainda não está clara. Talvez Harrison tenha querido “controlar a narrativa” antes do jogo decisivo. Talvez tenha tentado desviar o foco da temporada irregular do time. Talvez tenha buscado suavizar, tarde demais, o impacto emocional da troca de Luka Doncic para o Lakers, uma ferida ainda aberta em grande parte da torcida.
Mas qualquer que tenha sido a motivação, o timing foi péssimo. E, mais do que isso, desrespeitoso.
Nico Harrison não se arrepende
Desde a troca de Luka, Harrison tem evitado aparições públicas extensas. Não concedeu entrevistas abertas, não respondeu às perguntas mais difíceis, e agora opta por falar apenas com repórteres selecionados, em ambiente controlado.
É compreensível que dirigentes queiram preservar a estratégia. Mas há momentos, e este é um deles, em que a transparência é mais importante do que a conveniência.
Harrison disse que não se arrepende de ter trocado a estrela dos Mavs, apesar das críticas não só do mundo esportivo, mas também dos próprios torcedores de Dallas.
"Não me arrependo da troca", afirmou Harrison durante uma mesa redonda. "Parte disso é fazer o melhor para o Mavs."
Harrison disse acreditar que o time após a troca — que era para estar em quadra antes de todas as lesões — é um "time com potencial de título". Ele acrescentou que, com todos saudáveis, a equipe terá uma das linhas de frente mais fortes da NBA.
Harrison também comentou que todas as trocas que fez foram recebidas com desconfiança.
O que vem agora?
Com o jogo contra os Kings se aproximando e a temporada prestes a acabar para um dos dois times, o Mavericks vive uma encruzilhada esportiva e institucional. Se vencer e avançar, pode reacender algum orgulho. Se perder, a frustração de 2025 ganhará mais um capítulo doloroso.
Mas o futuro de Nico Harrison e sua relação com a sua torcida não será definido por vitórias ou derrotas pontuais. Será definido pela sua disposição em enfrentar o que evitou até aqui: a transparência com o público que torce pelo seu time.